Crítica: "Batman - O Cavaleiro das Trevas"

Novo filme do Homem-Morcego traz à tona os valores morais e éticos das pessoas. Foto: Divulgação.

Até que ponto você chegaria para ver o "circo pegar fogo"? O que faria para ter tudo o que sempre quis? Essas e outras perguntas são feitas (ainda que nas entrelinhas) no longa "Batman - O Cavaleiro das Trevas" que teve sua estréia nesta sexta-feira, 18. A história do filme foi criada por David S. Goyer ("Blade: Trinity") e desenvolvida pelos irmãos Jonathan e Christopher Nolan, que também dirige essa seqüência de "Batman Begins" (2005).

Um roubo a banco orquestrado pelo Coringa (Heath Ledger) é o pontapé inicial para mais de 2 horas de (um ótimo) filme. O longa é uma espécie de "reinvenção" do personagem encapuzado. Nada presente nesta nova franquia pode (ou deve) ser comparado as outras versões do Homem-Morcego para o cinema. Incluindo o "Palhaço do Crime" de Ledger, em uma versão bem mais assustadora do que a de Jack Nicholson (do "Batman" de 1989). Ao optar por dar um tom mais "macabro" e ensandecido ao personagem, Ledger teria se inspirado em Alex (Malcom McDowell), protagonista de "Laranja Mecânica", de Stanley Kubrick.

O Coringa composto pelo ator conseguiu ser bem assustador, mas também engraçado em diversas passagens do filme (contrariando algumas críticas). Heath Ledger (que como todos sabem, faleceu em janeiro) atingiu o ápice de sua carreira compondo seu personagem com maestria. O Coringa parece disposto a mergulhar Gotham City na anarquia. O "Palhaço do Crime" acredita que a cidade é um lugar onde, como diria Maquiavel em "O Príncipe", "[...]Os homens são ingratos, volúveis e ávidos de lucro[...]" e cabe ao Batman provar que o Coringa está enganado.

Mas "O Cavaleiro das Trevas" não é só sobre essa clássica "batalha" entre o bem e o mal. Temos ali o novo promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart de "Obrigado por Fumar") e toda sua obstinação no combate aos criminosos de Gotham. O "cavaleiro branco" serve como uma resposta aos policiais corruptos da cidade (presentes, ainda que em menor número) e uma esperança a mais para fazer de Gotham um lugar seguro. Porém, o desenvolvimento de toda sua dupla personalidade está presente no longa e culmina com um final sensacional. 

O camaleão Gary Oldman mais uma vez dá conta do recado ao interpretar o (agora) tenente James Gordon que aparece no filme com firmeza, inteligência e coragem. Quando surge algo além das forças de Gordon e Dent, aí sim entra o "Cruzado Encapuzado". 

Christian Bale está visivelmente mais à vontade (e mais confortável, segundo declarações do ator) na armadura de Batman. Seu alter-ego, Bruce Wayne também é retratado dignamente pelo astro, que enfim encontrou o equilíbrio perfeito das duas personalidades. Batman também é um homem perturbado e se questiona sobre os dilemas que suas ações no combate ao crime promovem.

Além do humor negro do Coringa, temos as ótimas sacadas de Alfred (novamente vivido por Michael Caine) e Lucius Fox (Morgan Freeman) os "fiéis escudeiros" do Cavaleiro das Trevas.

A única "perdida" é Maggie Gyllenhaal ("O Sorriso de Monalisa" )que "interpreta" Rachel Dawes (substituindo Katie Holmes de "Batman Begins"). Sem graça, sem sal, sem nada. Aliás, muitos dizem que a personagem em si é chata.

O roteiro de "Cavaleiro das Trevas" é muito bem construído e as sequências de ação são muito bem dirigidas por Nolan. A trilha sonora é um espetáculo à parte. Muito bem elaborada pela dupla Hans Zimmer e James Newton Howard e executada com precisão nas cenas do filme.

Os fãs dos quadrinhos podem ficar tranquilos, há muitas referências às HQs no novo filme do Morcegão. "A Piada Mortal", "O Longo Dia das Bruxas" foram as principais inspirações dos irmãos Nolan para a composição do filme. E que belo filme. 

Ps: Tente preparar-se psicologicamente para o longa. Ele é denso, e ao término dos seus 152 min, é preciso de um tempo para digerir tudo. Confira abaixo o trailer de "Batman - O Cavaleiro das Trevas".