Jornalismo 'mequetrefe'

Ou, como usar a comparação entre dois artistas para 'salvar' a matéria. Imagem: Midiatismo.

A revista 'Free São Paulo', distribuída gratuitamente nas estações de metro da capital paulista, publicou em sua edição de hoje (24/5), uma entrevista com a cantora Nathalie Alvim e a comparou (pasmem) a Aretha Franklin (!).

Antes que os fãs da Nathalie apareçam e me execrem, digo que ela tem talento, mas os dons da 'moçoila' não são o tema desse post. Assinada por Gil Campos, a reportagem retrata um tipo de jornalismo que eu chamo de 'mequetrefe' - aquele feito nas coxas e regado a perguntas bobinhas (como uma em que Campos pergunta se Nathalie ainda tem ursinhos de pelúcia no quarto, por exemplo).

Comparar timbre de voz e apontar influências é uma coisa (que até eu faço), mas 'decretar' que artista 'x ' (brasileiro) é a nossa versão nacional do artista 'y' (estrangeiro), é menosprezar o talento dos nossos artistas e superdimensionar o trabalho dos 'gringos' (aviso: não estou falando mal da Aretha Franklin, ok?).

Sabe aquela velha história - que felizmente parece estar mudando - de que nossos filmes precisam do 'crivo' internacional (ganhar o Oscar, Palma de Cannes, etc) para serem considerados bons? Pois é, parece ser o caso dessa matéria. Não basta cantar bem, tem que ser a nova 'Amy Winehouse', 'Beyoncé do Pará' ou a 'Aretha Franklin brasileira'. Algo totalmente desnecessário.

 Ps: Abaixo, uma apresentação da cantora Nathalie Alvim, a Joss Stone brasileira (há!).