Conheça a banda South Cry


Em alguns posts aqui no CSC, escrevi que teríamos um espaço mensal dedicado às bandas independentes. Não cumpri a promessa por pura falta de tempo. Paciência.

Sem mais delongas e choramingos, apresento a vocês a banda South Cry . Em entrevista concedida ao blogueiro por e-mail (em fevereiro, pasme!), os caras contam como começaram e como escolheram a produtora do novo álbum, 'Blue Moon', lançado no final do ano passado.

O começo

Formada em 2000 na cidade interiorana de Cordeiro (Rio de Janeiro), a banda mescla rock pesado e melodia em seus três álbuns lançados até agora. As músicas são cantadas em inglês por 'questão de estilo', de acordo com o vocalista e guitarrista Daltri Barros.

Além de Daltri, o South Cry é formado pelo guitarrista Guill Erthal, Patrick Siliany no baixo e Victor Cunha na bateria. Confira a entrevista abaixo.

Cultura Sem Censura: Compor músicas em inglês foi sempre a primeira opção? Por quê optaram pelo mercado externo?

Daltri Barros: Compor em inglês é apenas uma questão de estilo e não de preconceito ao rock cantado em português. Não temos influência do rock nacional, mas respeitamos algumas bandas que realmente tem um trabalho de valor artístico. Sabíamos que encontraríamos algumas dificuldades por cantar em inglês, mas sempre tivemos uma ótima recepção no Brasil também. Como eu disse antes: o fato de cantarmos em inglês é simplesmente porque sempre ouvimos artistas ingleses/americanos desde pequenos e achamos que o inglês se encaixa melhor ao nosso estilo musical. Não temos nada contra o português, queremos deixar isso bem claro. Acredito que nosso som é bem abrangente, pois falamos de sentimentos, emoções e assuntos que realmente tocam fundo a alma das pessoas.

Quando se faz música que realmente possui uma mensagem, uma honestidade e sinceridade artística ela atinge o coração das pessoas, independente de idioma, idade, crença, gosto musical, etc. Quanto ao fato de sermos reconhecidos fora do país, essa sempre foi nossa meta. Nossa meta sempre foi atingir o maior número de pessoas possível. Levar nossa música e nossa mensagem ao Brasil e ao mundo inteiro.

CSC: Fazer rock no Brasil ainda é difícil? Ainda existe preconceito? Faltam boas rádios do gênero?

Guill Erthal: O mercado musical está mais competitivo do que nunca. Qualquer banda/artista pode gravar um CD e um clipe e jogar [na internet] para o mundo ver. A Internet é uma ferramenta incrível e que facilita essa divulgação. Porém, é muita banda/artista tentando arrumar seu espaço e acaba que fica mais difícil ainda se destacar no meio de tanta gente. Acredito que fazer rock no Brasil ainda é difícil. Mas eu tenho percebido um certo movimento do ‘undergorund’ no sentido de se organizar e tentar melhorar o cenário. Em relação ao preconceito, acredito ter diminuído muito. As pessoas passaram a conhecer o rock e ver que não tem só ‘batedor de cabeça’ e ‘drogado’. Existem grandes pessoas e artistas, com mensagens e músicas muito positivas e inteligentes. Artistas ruins existem em todos os estilos. Mas as pessoas tem perdido o preconceito em relação ao rock sim.

Em relação a rádios do gênero, existem muitas, porém sem muito incentivo e ainda pequenas. Mas essas rádios são muito importantes e ajudam a manter o rock vivo no Brasil. Quem está a frente dessas rádios são pessoas que realmente amam o rock. Hoje abrir uma rádio na net é muito fácil, qualquer pessoa pode abrir uma. Mas falando de rádios grandes, realmente elas não abrem muito espaço para bandas de rock, ainda mais as que cantam em inglês e que estão no ‘underground’. Infelizmente a cultura no nosso país vai de mal a pior e isso afeta a música. Acho que existe um interesse de grandes gravadoras, grandes rádios, TVs em manter a qualidade musical do país ruim. É mais fácil repor uma ‘modinha adolescente sertanojo universitário’, um ‘axé desprovido de talento musical e com apelo sexual’ do que achar um ‘novo’ Tom Jobim ou um ‘novo’ Cazuza, por exemplo. Quando a ‘modinha’ atual sair de cena (o que não vai demorar a acontecer) eles acharão outros iguaizinhos (e tão ruins quanto) rapidamente. Hoje em dia está difícil fazer e manter música boa no país. Infelizmente.

CSC: A banda recusou convites de produtores? Por quê?

Guill: Na verdade não foi bem uma ‘recusa’ da nossa parte. Nós tivemos apenas que optar entre grandes nomes de profissionais e foi algo muito estranho e difícil de fazer, pois todos eles são excelentes profissionais e fariam um grande trabalho com a gente. Porém, nós acabamos fechando com a Sylvia Massy (co-produtora com Rick Rubin de álbuns do System of a Down e Slayer) devido ao ‘background’ dela em trabalhar com bandas que estão emergindo recentemente na mídia. A gente agradece muito o interesse de todos os produtores e ficamos realmente muito honrados. Se pudéssemos, juntaríamos todos eles para trabalhar com a gente. (risos)

CSC: O que falta para o sucesso comercial da banda?

Daltri: Ainda é um grande e importante feito. Ainda traz benefícios para as bandas e a gente pensa em atingí-lo sim. Nós ainda somos uma banda independente. Nossos contatos de shows, promoções, divulgação, etc ainda são todos feitos por nós mesmos e nosso empresário. Ainda não somos uma banda ‘comercial’ e acredito que isso é uma questão de tempo e de mais 'hardwork'. Nós, por sairmos de uma cidade pequena, sempre tivemos um pouco de dificuldade para divulgar e fazer novos contatos. Aos poucos, nós fomos conseguindo abrir espaço e acredito que agora temos realmente toda a estrutura para virarmos uma banda ‘comercial’, sem deixar de ser o que somos.