Apesar de alguns serem clássicos do cinema, como "O Clube dos Cinco", longas têm cenas e diálogos problemáticos para os dias de hoje. Foto: Divulgação.
Vez ou outra, nos deparamos com filmes feitos em décadas passadas e que não resistiram tão bem à ação do tempo. É o caso destes cinco.
“O Clube dos Cinco” e “Gatinhas e Gatões” (John Hughes, 1984 e 1985)
Ah, os anos 1980. Crianças e adolescentes sem celular e internet – conversam (!). Uma cena rara hoje em dia. Imagine você se, em 2022, seria possível deixar cinco adolescentes de castigo, em uma sala da escola, durante todo um dia, como acontece no filme? Eles iam adorar, já que poderiam ficar com os celulares durante todo esse tempo.
No entanto, é possível enxergar no filme, mais de 30 anos depois da sua exibição original, que, apesar de ser diferente de outras comédias adolescentes da época, “O Clube” também navegava na onda machista de Hollywood, julgando as meninas que se vestiam “mal” como lésbicas ou esquisitonas, como era retratada a personagem de Ally Sheedy, por exemplo.
Aliás, várias cenas deste e de outros filmes dirigidos por Hughes envelheceram muito mal. Uma das estrelas dos filmes do cineasta, a atriz Molly Ringwald, escreveu um artigo para a revista New Yorker, em 2018, em que considera sexistas vários de seus maiores sucessos, revistos após muitos anos. “Estava preocupada que algumas partes do filme fossem problemáticas para a minha filha, mas não esperava que no final afetassem mais a mim”, diz em um dos trechos. Se soa pesado para quem fez o longa, imagina para quem assiste?
Em “Gatinhas e Gatões” é ainda muito pior, já que, em uma das cenas mais famosas, temos a personagem de Haviland Morris “deixada” pelo namorado (Michael Schoeffling), bêbada, na companhia do nerd (Anthony Michael Hall) para que eles “fiquem” – sem que ela se lembre de ter feito isso. Lamentável.
“De Volta Para o Futuro” (Robert Zemeckis, 1985)
É um clássico, sem dúvida. Mas o que são aquelas cenas em que Lorraine (Lea Thompson), a mãe do Marty McFly (Michael J. Fox), é quase estuprada – sem que ninguém faça nada – pelo Biffy (Thomas F. Wilson), até que o introspectivo e nerd George (Crispin Glover) a salva? E, em 30 segundos, a moça esquece a violência e já engata o namoro com pai de Marty! Um pouco antes, a jovem, sem saber, tenta seduzir o próprio filho (mais de uma vez, inclusive). Surreal.
“Meninas Malvadas” (Mark Waters, 2004)
Escrito pela comediante Tina Fey, “Meninas Malvadas”, é, até hoje, considerado um clássico moderno das comédias de adolescente. Mas, assim como alguns filmes dos anos 1980, o longa de Mark Waters é cheio de estereótipos.
A exemplo de “O Clube dos Cinco”, a produção traz uma menina que não é “feminina” e, por isso, “deve ser lésbica". O clássico “mulher bonita, logo, deve ser burra” também é usado diversas vezes. E o que dizer de reforçar o preconceito contra a África, sugerindo que seja apenas um país e não um continente? Triste.
“Show de Vizinha” (Luke Greenfield, 2004)
O voyeurismo sempre esteve presente em produções de Hollywood. Em “Show de Vizinha”, ele é usado como gancho para a criação de uma amizade – depois amor – improvável: uma atriz pornô e um estudante tímido e brilhante (Emile Hirsch), que está prestes a entrar na faculdade.
Também temos a figura do cafetão – transformado em “empresário” e é ex-namorado - da protagonista (Elish Cutberth, do seriado “24 Horas”).
Também temos a figura do cafetão – transformado em “empresário” e é ex-namorado - da protagonista (Elish Cutberth, do seriado “24 Horas”).
Timothy Olyphant interpreta esse cara, que é o típico “machão”, que acha que as mulheres são propriedades e que, se não estão com eles, não podem ficar com ninguém