Discos Essenciais para Marcela Brandão

 
Cantora e compositora paulistana, que acaba de lançar o novo single "Santa", escolheu clássicos da MPB como seus preferidos. Foto: Guilherme Assano/Divulgação.

A convidada da seção desta vez é a cantora e compositora paulistana Marcela Brandão, que acaba de lançar seu novo single "Santa", produzido pela percussionista e compositora Lan Lanh, que também divide o arranjo com Guto Menezes e Fernando Deeplick.

A artista escolhue alguns clássicos da MPB, confira a lista abaixo, seguida da nossa tradicional playlist.

Acústico MTV - Cássia Eller

Sem dúvidas, o disco da minha vida. O disco que me apresentou à música e a artistas lendários que tenho como referência até hoje, como Chico Buarque, Cazuza, Nando Reis, Gilberto Gil. Quando ouvi esse disco, resolvi que a música seria minha profissão. Costumo dividir minha vida em aC e dC: antes de Cássia e depois de Cássia.

AMIGOS (ao vivo volume 03):

Esse foi meu primeiro contato com o CD, o primeiro que tive. Sem dúvidas, meus primeiros ídolos. Com eles, conheci a música sertaneja, pela qual segui me apaixonando pela vida.

AR  - Almir Sater e Renato Teixeira

Álbum impecável, de muita poesia e delicadeza. Merecidamente vencedor doGrammy, tem muita influência sobre meu trabalho. Um sertanejo não-datado, com a viola nervosa de Almir Sater e toda ternura de Renato, foi trilha de muitas viagens, estradas e estudos meus.

Verde, Anil, Amarelo, Cor de Rosa e Carvão - Marisa Monte

Instrumentalmente falando, para mim, é o melhor álbum da música brasileira. Inspirou todo meu repertório pós-pandemia e serviu como guia para os teclados que colocamos nas últimas músicas. Ouvir esse disco é quase uma imersão no universo de Marisa, é conhecê-la um pouco mais de pertinho.

A letra A - Nando Reis 

Gosto desse disco, primeiramente, por memória afetiva: foi a primeira turnê ao vivo que assisti. Acompanhei todos os shows que Nando fez desse álbum em São Paulo. Me tornei fã no mesmo minuto que ouvi. Gosto, para além da música, da arte da capa, das fotos do encarte, da participação de Sofia (filha de Nando) na faixa “A letra A”. As letras me encantam porque falam do cotidiano e conversam conosco como um papo de amigos. Nando sabe comunicar-se com maestria com quem o escuta.

Caravanas - Chico Buarque

Cada vez mais, me convenço que Chico só melhora a cada novo trabalho. Ele surpreende nos arranjos, nas letras, na sobriedade perante o tempo, na intelectualidade e até mesmo no violão cada vez mais exigente. Chico é nosso maior patrimônio vivo e entrega tudo toda vez que faz lançamentos. Caravanas é um álbum que fala de política disfarçadamente (maestria de Chico), de amor, de história, de atualidades, de dores e preconceito, mas tudo, absolutamente tudo com muita poesia - que segue sendo o carro chefe da obra de Chico.

Ofertório - Caetano Veloso

Fiquei tão alucinada com esse show, que assisti três vezes no Brasil e ainda comprei passagem para assistir nos EUA. Um disco que nos leva para dentro da casa de Caetano e nos faz sentir uma intimidade quase verdadeira. Caetano leva pro palco (e para o disco) todos os filhos, formando uma banda familiar e absolutamente coesa. Um time totalmente entrosado, coisa que só poderia acontecer entre pais e filhos. Trabalham releituras de músicas antigas da carreira de Caetano, alternando os instrumentos e vozes entre todos os músicos. Lindo de ver o sangue correndo nas canções, nos sentimos Velosos por algumas horas…

Partimpim - Adriana Calcanhotto

Me atrevo a dizer que é o disco mais criativo que já ouvi. Tenho por ele uma gratidão imensa, pois me deu tardes e tardes maravilhosas ao lado de minha sobrinha, pequenininha, ao longo de anos. A seleção dos instrumentos, timbres, escolha do repertório e dos músicos, tudo foi feito ali a dedo, com muito cuidado e muita exatidão. Adriana trouxe o universo lúdico para cada detalhe do álbum, de
uma maneira que agrada todas as idades. A riqueza da rebuscada criatividade se une com a simplicidade necessária para comunicar-se com as crianças e assim o disco mostrou sua excelência.

Abraçar e Agradecer- Maria Bethania

Mais ou menos na mesma onda que falei o que penso sobre Chico, digo de Bethânia: sinto que só melhora. Bethania, por ser intérprete, tem um faro aguçadíssimo para escolha de repertório. Ela mescla religião, poesia falada, recitada, e o que há de mais profundo no Brasil de norte a sul. É como se ela fizesse um recorte do país todinho nesse disco, enfatizando costumes do povo e trazendo o Brasil para os brasileiros que a escutam por toda parte. Conheci muito da nossa cultura com esse disco e com toda a obra de Maria Bethania.

Amazônia - Entre Águas e Desertos - Socorro Lira

Alguém que cantasse a Amazônia - sempre quis ouvir quem cantasse a Amazônia, região tão rica e que muitas vezes enfrenta tanta dificuldade de chegar no eixo RioSão Paulo. E nessa busca, conheci om trabalho de Socorro, que traz um com sinestésico, um som que vem com cheiro, com imagem, com uma atmosfera muito diferente de tudo que eu já havia ouvido. Admiração especial pela música Amor Cosmico, que recomendo a todos escutarem. O Brasil precisa ser exaltado em canções para viajarmos, conhecermos e resgatarmos o sentimento de amor por esse país.