Crítica: Maníaco do Parque (Prime Vídeo)


Bela atuação de Silvero Pereira não é o suficiente para salvar o filme. Foto: Divulgação.

O fascínio por produções baseadas em crimes reais aumenta, bem como o número de produções sobre o tema, como Irmãos Menendez, da Netflix. "Maníaco do Parque", que estreou no dia 18 de outubro de 2024 na Amazon Prime Video, é mais um exemplo desse novo filão que os streamings enxergam potencial.

Infelizmente, o longa dirigido por Maurício Eça (também responsável pelos três filmes do caso Suzane Von Richtofen), é uma colcha de retalhos mal feita. Apesar de uma performance impressionante de Silvero Pereira, dando vida ao motoboy Francisco de Assis Pereira, o maníaco, o  roteiro, escrito por L.G Bayão (Kardec) não consegue acompanhar a interpretação intensa e profunda do ator, que retrata bem como os psicopatas são perigosos, mas ao mesmo tempo sedutores.

Em vários momentos a narrativa deixa a desejar, falhando em sustentar a complexidade do caso real que inspira "Maníaco". Giovana Grigio interpreta a jornalista Helena, personagem fictícia criada pela produção para dar voz às mulheres que sofreram a violência e que também cobriram o caso. Com um desempenho fraco, Giovana é um dos pontos negativos do longa, que poderia explorar um pouco mais as nuances da personalidade do criminoso e a história das vítimas (já que dar voz às mulheres é um dos motes do longa). Os atores secundários, como Augusto Madeira (delegado do caso), Xamã (chefe de Francisco), Bruno Garcia (jornalista) e Marco Pigossi (jornalista), acabam se perdendo em uma trama confusa, que não aproveita o potencial do elenco.

A última parte da série se apressa, apresentando acontecimentos que vão se atropelando e que não correspondem à magnitude do caso, resultando em uma conclusão insatisfatória. O final, pífio e digno das piores novelas mexicanas, mostra uma "vitória" da jornalista em não dar espaço para o assassino aparecer - o que também não faz sentido, especialmente porque a produção retrata um período - meados dos anos 1990 - em que havia milhares de programas policiais - representados aqui com a participação de Gilberto Barros, o Leão, e o Notícias Populares (aqui o jornal onde Helena trabalha), que davam muito palco para os criminosos. 

O ponto alto, além de Silvero, é a trilha sonora, com uma seleção de clássicos nacionais dos anos 1990 que  complementam bem a ambientação.

No geral, "Maníaco do Parque" peca em sua estrutura narrativa, deixando a impressão de que o potencial da história e do elenco não foi plenamente explorado. Talvez uma série fosse melhor? Quem sabe?

Nota:4

Abaixo, o trailer de Maníaco do Parque.