Disco cultuadíssimo no Brasil é considerado um dos piores pela própria banda. Foto: Divulgação.
Por Paulo Rodrigo*
Perturbador (no melhor sentido da palavra, é claro). Solos estridentes, temas sombrios e uma junção inesperada: Ian Gillan, então ex-vocalista do Deep Purple, assumindo os vocais do Black Sabbath, depois da conturbada saída de Dio, em 1982.
Born Again, é uma das inúmeras tentativas de Tony Iommi em manter a banda em alto nível, algo que não ocorreu depois da saída de Gillan.
Por incrível que pareça, Born Again é um disco cultuadíssimo no Brasil e considerado um dos piores discos de rock Europa à fora.
Nem mesmo os integrantes da banda gostam dele. Ian Gilan certa vez disse: “O pior disco da minha vida é cultuado no Brasil. Não consigo entender isso”. Pois é Gillan, eu sou um dos que acham esse petardo maravilhoso. Por muito tempo, a referência em heavy metal no Brasil era Born Again. Se alguém queria saber o que era som pesado, era só mostrar o álbum e dizer: “isso é heavy metal de verdade”.
Trashed, a música de abertura, tem um ritmo acelerado, solos perturbadores de Tony Iommi e Ian Gillan se esgoelando e mandando muito bem.
Disturbing the Priest não faz feio à nenhum tema sombrio e pode muito bem ser a trilha sonora para uma ida ao inferno. Born Again, a música, possui uma levada mais cadenciada, sombria e com riffs cortantes e dramaticidade absurda. Zero the Hero segue a mesma linha da já citada Disturbing the Priest e entraria fácil no álbum de trilhas sonoras para o inferno.
Infelizmente essa união “Deep Sabbath”, não durou muito tempo. Ao final da turnê europeia, Gillan se desligou do Sabbath para se reunir novamente com o Deep Purple, em 1984. Restou a Iommi começar do zero novamente e reformar mais uma vez a banda, que viveu dias bem turbulentos durante a década de 80 com as constantes mudanças de formação e discos considerados bem abaixo da crítica.
Abaixo, ouça a faixa-título "Born again".
*Em suas próprias palavras, Paulo Rodrigo é: "palmeirense, roqueiro e jornalista formado (com diploma), diga-se de passagem". É colaborador do Cultura Sem Censura desde os 'primórdios'.