Livros essenciais para José Roberto Torero


Jornalista, escritor, roteirista e diretor escolhe clássicos da literatura e até uma HQ. Foto: Cristovão Tezza.

Hoje a nossa seção está um pouco diferente. Em vez de termos os Discos Essenciais, teremos a honra de ter os Livros Essenciais de José Roberto Torero, escritor, jornalista, cineasta e o homem por trás do Diário do Bolso - sobre vocês sabem quem.

Torero, de quem sou fã desde a época em que ele era colunista da Folha, é autor, dentre outros, de um dos meus livros preferidos: "O Evangelho de Barrabás", feito em parceria com Marcus Aurelio Pimenta.

Sem mais delongas, eis a fantástica lista de Livros Essenciais para o santista roxo.

1 - Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis


Li a primeira vez com 17 anos e achei bacana. Li depois, já na faculdade de Letras, e achei excelente. Li depois dos 30, para fazer o roteiro do filme Memórias Póstumas e achei genial. A cada leitura, ele melhora. Daqui a dois anos, com 60, vou ler de novo. 

2 -  Grande sertão: veredas – Guimarães Rosa


Demorei umas trinta páginas para me acostumar com a língua inventada pelo autor. Mas, depois, a leitura flui rápida e incrivelmente prazerosa. De vez em quando até dava uma paradinha, para aproveitar mais o texto. 

3 - O Livro Vermelho dos Pensamentos de Millôr – Millôr Fernandes

Comprei sozinho, na livraria, quando tinha uns 13 anos. Nem sabia quem era essa tal de Millôr, mas achei o cara demais. Um dia, acabei almoçando com ele, mas fiquei calado o tempo todo e saí o mais rápido que pude. A timidez é um castigo. 

4 - Ed Mort e outras histórias – Luís Fernando Verissimo


Comprei o livro antes de minha primeira viagem de avião. Ri alto. E não porque estava a trinta mil pés. 

5 -  Incidente em Antares – Érico Verissimo

A primeira parte do livro, mais histórica, é bacana. Mas a segunda, quando os mortos se rebelam, é sensacional. Lembro que pensei: “não sabia que valia fazer isso.” 

6 - Beleza Negra - Anna Sewell

Li quando tinha uns doze anos. É a autobiografia de um cavalo. Achei espetacular essa possibilidade da literatura fazer a gente se sentir na pele, ou no pelo, de um cavalo. 

7  - São Bernardo – Graciliano Ramos

Desde Beleza Negra eu comecei a gostar de livros em primeira pessoa. Mas São Bernardo vai mais longe que qualquer outro. 

8 - O Visconde partido ao meio – Ítalo Calvino


O livro forma com “O cavaleiro inexistente” e “O barão nas árvores” uma trilogia inesquecível de fábulas para adultos. Gosto dos três, mas mais ainda do “Visconde...”, que dá um nó no maniqueísmo. 

9 - O Cavaleiro das Trevas – Frank Miller


Não sei se vale escolher quadrinhos, mas estou fazendo uma lista das páginas que me deixaram mais felizes durante a leitura. Então “O cavaleiro...” não pode ficar de fora. 

10 - A vida e as opiniões do cavalheiro Tristam Shandy – Laurence Sterne


É um livro inesquecível, com uma surpresa atrás da outra. Já tem quase 300 anos, mas ainda é moderno e divertido. Um transgressor com humor.

PS: E depois de alguns dias, o próprio Torero compartilhou a lista no Facebook, acrescentando mais três livros, que seguem abaixo.

11-) Matadouro cinco – Kurt Vonnegut Jr

Foi uma leitura cheia de novidades e prazeres para mim. Acabei lendo todos os livros dele. Longa vida aos sebos!

12-) Memorial do convento – José Saramago

Certa vez, para não pagar hotel no Rio de Janeiro, dormi num apartamento desocupado de um amigo. Não havia televisão (ainda bem!) e, para pegar no sono, fui dar uma olhada em sua biblioteca. Achei um livro grosso de um autor que não conhecia. Resolvi dar uma lidinha nas primeiras páginas. Acabei lendo o livro inteiro e todos os outros de Saramago. 

13-) O engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha – Miguel de Cervantes

Eu já tinha uns quarenta e cinco anos quando decidi ler o livro inteiro (na Faculdade de Letras, este preguiçoso vos confessa que fez seu trabalho de fim de semestre apenas sobre os títulos dos capítulos, sem ler o livro). Todos os dias, durante um mês e ou dois, eu levava o livro para a padaria e o lia enquanto comia meu pão na chapa. Nada como juntar dois prazeres.